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CEFET-MG

Desigualdade de gênero: mulheres quase nunca chegam ao topo da carreira científica

Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Última modificação: Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro, busca dar visibilidade ao papel das mulheres na área científica e tecnológica

No levantamento realizado no estudo “Androcentrismo no campo científico: sistemas brasileiros de pós-graduação, ciência e tecnologia como estudo de caso”, divulgado em 2022 pelas pesquisadoras Roberta Silva, Alice Abreu, Carlos Nobre e Ademir Santana, as mulheres são maioria(58%) entre os bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), principal agência que fomenta a pesquisa no Brasil.

Mesmo sendo maioria nesse quesito de bolsas, o estudo mostra que o avanço das cientistas no mercado de trabalho é desproporcional ao seu nível de conhecimento, sendo a maternidade um dos motivos pelos quais as mulheres não ocupam o topo do mundo da ciência, mas não o único.

A questão das bolsas de pesquisa no CEFET-MG não é diferente do que acontece no Brasil. Nos programas de bolsas de iniciação científica do ensino médio, graduação, mestrado e doutorado da Instituição, as mulheres se sobressaem. Em 2023, 178 mulheres receberam o auxílio, o que representa 52% do total de bolsas concedidas. Esse movimento prevaleceu também nos anos de 2020 (55%), 2021 (56%) e 2022 (53%).

Além da predominância no recebimento de bolsas científicas, as mulheres se destacam nas premiações recebidas durante o maior evento de divulgação da ciência na Instituição, a Semana de Ciência e Tecnologia, realizada anualmente em todos os campi do CEFET-MG. Na última edição, em 2022, a maioria dos trabalhos premiados foi desenvolvido por mulheres. Os primeiros lugares em diferentes áreas do conhecimento, como Engenharias; Ciências Exatas e da Terra; Linguística, Letras e Artes; Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências Sociais e Multidisciplinar, e o primeiro lugar geral do evento, foram conquistados por mulheres.

A diretora adjunta de Pesquisa e Pós-Graduação do CEFET-MG, professora Laíse Ferraz, aponta a necessidade de maior participação de mulheres em atividades científicas valorizadas. “Em um país como o Brasil, a participação das mulheres na produção da ciência ainda precisa melhorar. Embora essa participação tenha aumentado, ainda é necessário procurar uma situação mais equilibrada, em que a ascensão na carreira científica seja possível também a um número de mulheres. Há a necessidade de mais mulheres alcançarem responsabilidades mais altas e participarem de tomadas de decisões”, destaca Laíse.

O posicionamento da professora e pesquisadora Laíse corrobora o estudo desenvolvido sobre o androcentrismono campo científico; apesar da presença efetiva das mulheres e de elas se constituírem como maioria dos cientistas no Brasil, quase nunca chegam ao topo da carreira científica. De acordo com a pesquisa, só 7% integram a mais alta instância entre os acadêmicos.

Barreira invisível

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), há uma barreira invisível para o avanço das cientistas no mercado de trabalho. De acordo com os dados de 2020 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), as mulheres estão em apenas 3 de cada 10 ocupações em ciência, tecnologia e engenharia e matemática no Brasil, embora representem 44% da força de trabalho.

Diante desse contexto, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro e instituído em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas(ONU), é propício para algumas reflexões sobre a visibilidade ao papel das mulheres na área científica e tecnológica. “Quais as causas desse desequilíbrio de gênero em nosso país? O que é possível fazer para que ele reduza ou desapareça o mais rápido possível? São reflexões que as instituições de ensino devem fazer. O ensino do futuro deve garantir a igualdade de gênero na participação em pesquisas e as carreiras científicas devem permitir que as mulheres participem mais da tomada de decisão estratégica”, sinaliza a professora Laíse.

Sob a liderança da Unesco e da ONU Mulheres, o dia 11 de fevereiro acontece em diversos países, com ações que buscam dar visibilidade ao papel e às contribuições das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica.

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM/CEFET-MG

Publicado em 10 de fevereiro de 2023.